O que é não-binariedade?
Desde o início dos tempos, classificamos os objetos do mundo de acordo com o sistema binário: o bem e o mal, o colorido e o preto com branco, a direita e a esquerda etc. Já quando se trata de gênero, a construção social que nos é ensinada trata da existência do gênero feminino e do masculino. Assim, uma pessoa é exclusivamente feminina (mulher) ou masculina (homem), sem muita possibilidade quanto a gênero. Mas há quem questione: “é só isso?”
A partir do incômodo com esse binarismo no gênero, surgiu o termo “não-binário” para se referir às outras possibilidades de gênero. Afinal, o que seria da cor preta e da cor branca sem a cor cinza? Ou melhor, sem as várias nuances de cinza entre elas? Essa é uma problemática que serve de exemplo para o surgimento da não-binariedade.
Até aqui já foi possível entender o conceito de não-binário, mas onde exatamente ele se encaixa em um sistema marcado por dois gêneros opostos? Não se encaixa! O termo é conhecido como “termo guarda-chuva” por abrigar diversas identidades de gênero que ocupam os seus próprios espaços e não precisam lutar por uma posição dentro do binarismo. Em resumo, uma pessoa não-binária é aquela que não se encaixa no sistema binário de gênero (homem e mulher), podendo ser a combinação dos dois, um gênero à parte, nenhum gênero, dentre outras infinitas possibilidades.
Algumas variações de gênero que fogem do binarismo e que estão embaixo do “guarda-chuva” não-binário são:
Agênero: pessoas que têm como característica a ausência de gênero. Algumas pessoas também utilizam esta identidade para definir um gênero neutro, ou para comunicarem que não desejam ser encaixadas em nenhum gênero
Demigirl: pessoas que se aproximam mais do feminino, mas não se identificam exclusicamente com esse gênero.
Gênero fluido: pessoas que mudam de gênero periodicamente.
Demiboy: pessoas que se aproximam mais do masculino, mas não se identificam exclusicamente com esse gênero.
Demigênero: pessoas que se identificam de forma parcial com um gênero.
Andrógine: pessoas que se identificam com a mistura de dois gêneros.
Etc...
Dentro da comunidade não-binária há também o debate sobre se a transexualidade está ou não associada ao não-binarismo, já que a pessoa não-binária não se identifica (ou se identifica apenas em partes) com o gênero que lhe foi designado ao nascer. Essa situação é muito semelhante à de pessoas transexuais no geral, porém o que é discutido trata da vivência de uma pessoa trans. Nem sempre uma pessoa não-binária terá a mesma vivência e enfrentará os mesmos obstáculos que uma pessoa trans, mesmo que as duas não se identifiquem com o seu gênero de nascença. Sendo assim, não é possível afirmar que uma pessoa não-binária também é transexual em todos os casos. É importante ouvir da própria pessoa não-binária se ela se identifica como trans e respeitar o seu pensamento.
Por fim, lembre-se de perguntar os pronomes das pessoas para evitar desconfortos em relação à linguagem. Além disso, respeite a identidade de gênero do outro, incluindo nos casos em que a pessoa não saiba definir a sua identidade ou não queira expressá-la! É importante não aprisionar o outro em uma caixa e dar a oportunidade para que se apresente e se expresse com liberdade.